O início da terceira idade, segundo a Organização Mundial da Saúde, ocorre a partir dos 65 anos, estendendo-se até aproximadamente os 80-85 anos, quando se inicia a etapa senil. Compreender as alterações cognitivas e neurológicas que caracterizam essa fase é essencial para promover os cuidados adequados aos idosos. Neste breve artigo, exploraremos algumas dessas alterações para que você possa desenvolver empatia e identificar os pontos que demandam maior atenção. O cuidado com a vida deve abranger todas as etapas, e em nossa cultura de descarte, pouca atenção é dada aos idosos.
Quando uma pessoa entra na terceira idade, muito dependerá de como foram as outras etapas de sua vida. Alguns conseguem manter suas capacidades motoras e cognitivas para realizar tarefas básicas do dia a dia, como cuidar da higiene pessoal, trocar de roupa, alimentar-se e cuidar da casa. No entanto, infelizmente, por diversos motivos, algumas pessoas, ao chegarem à terceira idade, não conseguem mais realizar essas tarefas sozinhas, entrando no quadro de dependência. Independentemente disso, a qualidade, efetividade e duração desses cuidados diminuem com o passar dos anos. Compreender que, no envelhecimento, perdemos essas capacidades são um exercício importante de empatia.
Reconhecer as limitações raramente ocorre, e quando isso acontece, podem surgir problemáticas emocionais se esse processo natural da vida não for aceito.
A dificuldade em aceitar que uma pessoa na terceira idade já não é a mesma no quesito desempenho é desafiadora para aqueles próximos a ela e para o próprio idoso. Raramente o idoso consegue reconhecer suas limitações, e quando essas limitações se manifestam, podem surgir problemáticas emocionais caso esse processo natural da vida não seja aceito.
Dentre os principais declínios da terceira idade, destacam-se a diminuição da memória recente e imediata, atrofia muscular, diminuição dos reflexos e o declínio no rendimento intelectual. Considerando a história prévia de cada indivíduo, doenças como hipertensão e diabetes podem estar presentes. Neste turbilhão de declínios, as famílias muitas vezes não compreendem as razões pelas quais muitos idosos tornam-se amargurados, rabugentos, depressivos e apresentam outras alterações drásticas de humor. O processo de aceitação dessas realidades não é fácil, levando a revoltas por parte do idoso, que gostaria de ter ainda o mesmo vigor de antes.
Os familiares precisam compreender que, devido à deterioração da rede neural, o raciocínio, a lógica nas falas e a coerência em relação a determinadas condutas ficarão completamente alterados. Isso pode levar a desentendimentos e conflitos familiares. No entanto, é necessário reforçar que tudo isso faz parte do processo de envelhecimento. Cabe aos mais jovens proporcionarem, da melhor forma possível, qualidade de vida para cada idoso, de acordo com suas necessidades individuais. Por mais interessante que possa ser, para o idoso, muitas vezes a dor física acaba sendo a mais suportável, sendo o aspecto afetivo e moral que mais lhe causa dores, seja pelo abandono dos familiares, quanto pelas perdas que a vida traz de forma mais acentuada nesta fase e pelo próprio declínio de si mesmo.
Proporcionar as condições necessárias para que ele se redescubra e se torne uma presença viva e ativa é essencial neste novo capítulo da vida.
Por fim, mas sem esgotar este assunto, um dos maiores desafios se dá na esfera interna, que é a própria compreensão e o encontro do idoso no mundo diante de sua nova realidade. Ele já sabe que não tem mais as mesmas energias, também entende que, a princípio, seu tempo tornou-se evidentemente mais escasso. A crise existencial que pode instalar-se neste momento precisa ser acompanhada por todos que são próximos a este idoso, proporcionando as condições necessárias para que ele consiga encontrar-se novamente e ser uma presença viva e ativa, dentro das suas possibilidades, neste novo mundo.