Quando o assunto é prevenção, seja ela qual for, é necessário entender as possíveis causas que levam à situação a ser prevenida. No caso do suicídio, tudo se torna nebuloso a princípio.
Apesar de existir alguns critérios, que nos ajudam a perceber comportamentos que podem levar uma pessoa ao suicídio, as razões em si, são as mais diversas e até mesmo imprevisíveis. A exemplo da alimentação, quando inadequada pode gerar diversas doenças. Mas, assim que percebida, muda-se para uma alimentação de qualidade.
Podemos considerar o suicídio como uma dor emocional tão intensa, que a pessoa só encontra na morte a única forma de solucionar essa dor. Lembre-se que a dor emocional é uma experiência subjetiva, ou seja, única. Logo, qualquer coisa pode ser motivo suficiente para alguém, e com isso, não podemos delimitar e prever os motivos. Isso não quer dizer que não existe prevenção. Claro que existe. Mas, não no sentido de uma correlação direta como em outras situações.
Para a prevenção ao suicídio, devemos trabalhar com aqueles que estão em volta da pessoa sujeita a um potencial sofrimento intenso. Entender as condições ambientais e identificar potenciais problemas de ordem psiquiátrica, ou de alteração de consciência, por parte da própria pessoa.
O suicídio no Brasil
Os dados em relação ao número de suicídios no Brasil são alarmantes. Em 2019, 13.523 pessoas viram nele a última (ou única) saída para seu sofrimento. A intensa dor emocional é o gatilho que leva a pessoa à tentativa de suicídio.
Alguns fatores podem favorecer que essa atitude seja tomada: é necessário que ficar muito atento.
Dentre os fatores, podemos citar:
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Os estados psicológicos alterados, como Transtornos Afetivos e de personalidade;
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Esquizofrenia ou uso de substâncias que alteram a neuroquímica do cérebro (cocaína, maconha, álcool, etc);
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Situações culturais, familiares e sociais;
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Genética e experiências de trauma ou perda.
Outros fatores de risco incluem:
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Ter tentado suicídio anteriormente;
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A pronta disponibilidade de um meio de tirar a própria vida;
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Um histórico familiar de suicídio;
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Presença de lesão cerebral traumática.
Como ajudar alguém que pensa em suicídio
O que pode determinar a “reviravolta” de alguém que considera o suicídio é o fortalecimento de vínculos entre as pessoas. Sem esses relacionamentos, aqueles que podem sofrer com pensamentos suicidas não terão ninguém para se abrir em um momento de dificuldade.
Auxiliar aqueles que vivem em algum ambiente abusivo, proporcionando condições para essa pessoa alcançar sua independência e sair do núcleo abusivo (muitas vezes, o núcleo familiar) também é uma forma de ajudar.
Essas ações são como oferecer o ‘ombro amigo’. Ações falam mais do que palavras. Atos que proporcionam felicidade, paz e conforto, são mais valiosos do que qualquer palavra como um “está tudo bem” (porque você e a pessoa sabem que não está). Esteja junto dessa pessoa mesmo no meio da tempestade.
Indícios de ideação suicida
Qualquer situação pode ser motivo de sofrimento. Mas, podemos destacar questões que muito provavelmente afetam a maioria das pessoas:
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Problemas socioeconômicos;
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Desemprego;
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Pobreza;
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Falta de moradia;
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Discriminação;
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Perda de um ente querido;
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Fim de um relacionamento;
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Abusos sexuais e morais;
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Ausência de pertencimento ao meio que vive.
Quando se deparar com essas condições, fique atento em dobro. Devemos sempre prestar mais atenção a discursos como “não tenho mais o que fazer aqui”, “estou cansado de viver”, “não aguento mais”. Preste atenção também em alterações de comportamento que indicam que a pessoa está “partindo”, como reunir pessoas ou doar bens materiais importantes.
O que fazer ao perceber possíveis sinais para um ato suicida
Você pode se perguntar “o que podemos fazer quando esses sinais forem percebidos?”. O primeiro passo é:
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Ofereça uma escuta para a pessoa, perguntando como ela está;
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Se perceber resistência, fale um pouco sobre você e das suas próprias dificuldades (na medida do necessário), para estabelecer uma confiança para o outro se abrir;
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Caso existe uma nítida tendência ao suicídio, oriente e ajude a pessoa a buscar ajuda profissional;
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Informe os mais próximos àquela pessoa, fornecendo algum conteúdo psicoeducativo para entenderem o que pode estar acontecendo (Atenção! A estrutura familiar pode ser um dos motivos para a pessoa estar querendo se matar. Tenha cautela em relação a isso).
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A escuta sempre será a melhor forma de agir. Escute sempre que for possível alguém em sofrimento;
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Acolha e proporcione o sentimento de pertencimento. Isso é importante para que a pessoa entenda que ela tem importância para alguém.
Procure um CAPS ou um profissional particular
A orientação para um Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) é muito importante. Você pode facilmente encontrar um CAPS pesquisando em um site de busca os termos “CAPS + nome da cidade”.
Caso sua cidade não tenha um CAPS, por não estar dentro do número mínimo populacional, o atendimento é realizado na Atenção Básica, as Unidades Básicas de Saúde (UBS).
Se você tem preferência por um profissional particular, considere recomendações de pessoas de confiança.
As ferramentas para aprender a lidar com o sofrimento existem, para isso, precisamos das informações corretas. Pesquise e se informe sobre esses locais em sua cidade e profissionais de referência. Quando for necessário, você saberá como orientar.