Muitas pessoas têm dificuldade em compreender como indivíduos inteligentes e com recursos intelectuais não conseguem se reestruturar diante de problemas financeiros.
Além das questões sociais específicas que cada um vivencia, que podem favorecer ou não um trabalho digno e condições de alimentação, um ponto que é bastante negligenciado na discussão a respeito da insegurança financeira e alimentar são os seus efeitos nas emoções das pessoas.
Os seres humanos possuem emoções e sentimentos, mas muitas vezes isso é negligenciado, levando a uma crença equivocada de que a solução para tudo está na segurança financeira e alimentar.
 

 

A relação entre recursos financeiros, saúde emocional e bem-estar

Com o advento da pandemia da COVID-19, ficou evidenciado que os recursos emocionais de uma pessoa não estão ligados ao seu poder aquisitivo. Pessoas com diversos recursos entraram em um turbilhão de emoções negativas.
Existe influência das condições financeiras e alimentares na saúde emocional das pessoas, porém é preciso entender o contexto dessa influência para compreender sua dinâmica e evitar a falsa ideia de que ter recursos financeiros garante uma boa saúde emocional.
Quando se associa estabilidade financeira e alimentar como a solução para todos os problemas, considera-se apenas seu aspecto físico imediato e coloca-se o ser humano no mesmo patamar dos animais, ignorando sua psicologia e simbolismo. A insegurança nesses aspectos não é apenas uma questão física, mas impacta a noção de ser humano e seu futuro.
 

 

O impacto da insegurança na autoimagem e senso de pertencimento social

A insegurança pode levar a uma mudança drástica na forma como a pessoa se vê, a ponto de não se reconhecer mais como membro da sociedade ou de um grupo que dá sentido à sua existência.
Tem haver com a própria identidade do ser humano, inclusive naquilo que tange a alimentação, a própria expressão cultural de uma família, que muitas vezes diante da insegurança, não consegue expressar a sua identidade pelos alimentos estarem além de suas capacidades financeiras.
 
A quebra de identidade causada pela insegurança afeta muito mais do que apenas o aspecto financeiro e alimentar. Atinge a própria essência do ser humano, incluindo a expressão cultural de uma família toda – por os alimentos estarem além de suas capacidades financeiras, a família não consegue expressar a sua identidade.
Compreender que o ser humano tem uma noção de futuro que é distorcida por essa situação ajuda a entender por que muitas pessoas se desesperam, mesmo tendo recursos para se reerguer.

 

 

A Importância da Percepção Individual

É importante lembrar que a instalação da insegurança financeira e alimentar depende da percepção individual, e que pessoas com alto poder aquisitivo podem experimentar insegurança ao compararem-se com outros que ganham mais. Isso pode desestabilizar uma pessoa ao ponto de causar um colapso emocional. Além dos fatores objetivos da insegurança, há também um componente subjetivo que pode levar a interpretações equivocadas, mesmo quando tudo parece estar bem.
 
Por fim, é importante destacar que a insegurança financeira e alimentar afeta não apenas as necessidades básicas do indivíduo, mas também a expressão cultural de uma família e de um povo, além de comprometer os planos e sonhos pessoais, construídos ao longo da história individual de cada um.

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