Escutar alguém que está passando por algum sofrimento não é tarefa fácil. Para quem está passando por alguma dificuldade, “colocar para fora”, isso é, falar com alguém sempre é a melhor opção. Porém, não é todo mundo que fala o que está sentindo.
Na maioria das vezes, os mais íntimos são os escolhidos para isso. Infelizmente, muitas vezes as pessoas mais próximas não estão dispostas, ou até mesmo preparados para essa escuta, tão importante para os cuidados com a saúde mental.
Nesse artigo você aprenderá:
-
A como lidar da melhor forma com alguém que queira desabafar com você;
-
Escutar, efetivamente, o próximo;
-
Mostrar que está acolhendo verdadeiramente a pessoa em seu sofrimento.
Lembre-se: o acolhimento nada tem a ver com concordar com a pessoa, mas mostrar que você está ali para escutá-la.
Estou preparado para ouvir o outro?
Primeiramente, é necessário que você reconheça suas próprias limitações. Existem temas que não temos condições emocionais para escutar.
Por isso, quando se deparar com um assunto que não seja suportável, siga esses passos:
-
Ofereça acolhimento à pessoa que te procurou;
-
Na sequência, oriente-a a conversar com alguém que tenha mais resiliência para lidar com o tema.
É importante para quem realizar a escuta deixar de lado todas as suas concepções de mundo, como uma espécie de “voto de abstinência em matéria de opinião”. Dessa forma, o ouvinte estará atento ao outro para acolhê-lo.
Atenção! Se for necessário, repita em sua mente o que a pessoa está falando. Essa prática ajudará a evitar que pensamentos tomem conta da sua mente, caso contrário, você poderá passar da posição de ouvinte para a de julgador.
Ouça sem julgar
Ouvir sem julgamentos é mais difícil do que parece, principalmente quando somos pessoas próximas daquele que querem desabafar.
É possível que em algum momento dessa relação, você ou alguém já orientou a pessoa que quer desabafar para não seguir aquele caminho. Mas, ainda assim, ela insistiu. E agora, sofre as consequências de suas escolhas.
Quando isso acontece, somos tentados a soltar frases como “eu avisei”, “você não me ouviu”, ou outras com o mesmo sentido. Mas isso em nada ajudará. Apenas será a satisfação do próprio ego querer falar algo neste sentido.
Escute e mostra-se presente para a pessoa que buscou apoio em você. Um ouvido atento pode ser mais consolador do que uma palavra mal acertada.
Sinais de que algo está errado
Existem alguns sinais importantes dos quais devemos estar atentos para identificar quando alguém não está bem.
Preste atenção se a pessoa:
-
Tornar-se depressivo;
-
Fala muito acerca da morte, suicídio ou de que não há razões para viver, utilizando expressões verbais tais como “Não aguento mais”, “Não suporto mais nada”, ou “Estou pensando em acabar com tudo”;
-
Preparativos para a morte: pôr os assuntos em ordem, desfazer-se/oferecer objetos ou bens pessoais valiosos, fazer despedidas ou dizer adeus como se não voltasse a ser visto;
-
Demonstrar uma mudança acentuada de comportamento, atitudes e aparência;
-
Afastamento ou isolamento social;
-
Insônia persistente, ansiedade ou angústia permanente;
-
Dificuldades de relacionamento e integração na família ou no grupo.
Existem diversos outros critérios, mas a rigor, estes são os que mais se destacam. Fique atento e ofereça um momento de escuta para alguém que você acredite que precise desabafar.
Escutar é um ato de cuidado
Quando permitimos que o outro fale sem medo de ser censurado, através da verbalização, ele mesmo escuta a sua própria fala, dando forma aos seus pensamentos conturbados e muitas vezes os reelabora. Por isso é tão importante escutar as pessoas.
São pequenas oportunidades que oferecemos ao outro um momento de maior autorreflexão, podendo encontrar considerações que talvez não encontrasse apenas com os pensamentos travados na mente, sem ter vazão alguma para serem escutados por alguém.
O poder da escuta consiste em proporcionar para aqueles que precisam ser escutados a possibilidade de repensarem, de sentirem que são importantes e relevantes.
A simples escuta consegue mudar completamente como uma pessoa encara as suas dificuldades.
