Existem diversas categorias de psicopatologias que muitas pessoas não compreendem. Neste breve texto, explicaremos como funcionam os Transtornos de Personalidade. É importante compreender essas categorias para reduzir nossos preconceitos, entender as dificuldades enfrentadas por pessoas que sofrem desses transtornos e, principalmente, promover informações corretas a fim de cuidar da saúde mental das pessoas ao nosso redor e a nossa própria.
Os transtornos de personalidade não indicam que uma pessoa seja maldosa
Os transtornos de personalidade são condições de ordem mental que se caracterizam por alterações no padrão de interação interpessoal. Esses transtornos não apenas trazem profundo sofrimento para a pessoa afetada, mas também para aqueles que se relacionam com ela e, por consequência, para toda a sociedade. É essencial compreender que isso não significa uma normalização do comportamento.
Alguns argumentam erroneamente que quando uma sociedade não concorda com determinado comportamento, ele automaticamente se torna um transtorno de personalidade. No entanto, essa afirmação carece de fundamento. Um transtorno de personalidade é, de fato, uma perturbação na estrutura da personalidade, causando sofrimento tanto para a pessoa afetada quanto para aqueles que a cercam. É importante entender que, embora seja chamado de “transtorno de personalidade”, isso não está relacionado à conduta moral ou às crenças da pessoa. Está ligado à forma como a pessoa funciona e opera no mundo.
Essa distinção é crucial para evitar estigmas e preconceitos, pois não devemos rotular as pessoas com transtornos de personalidade como sendo más ou maldosas. O fato de alguém ter um transtorno de personalidade não faz dela uma pessoa má. Existem outras variáveis na vida que podem influenciar o caráter de alguém.
É importante ressaltar que uma pessoa com um transtorno de personalidade específico enfrenta dificuldades particulares em suas interações e na forma como lida com certas questões. No entanto, isso não está relacionado ao caráter da pessoa. É fundamental superar estereótipos e compreender que os transtornos de personalidade são condições complexas que requerem compaixão, apoio e tratamento adequado.
Conhecer para não estigmatizar, só com conhecimento podemos evitar os preconceitos
Os transtornos de personalidade são classificados em três categorias, conhecidas como clusters (A, B e C). Neste texto, apresentaremos uma visão simplificada de cada uma dessas categorias, embora seja importante ressaltar que o assunto é muito mais complexo do que podemos abordar aqui. Vamos explorar cada uma para melhor compreensão:
Cluster A: Transtornos excêntricos e peculiares – essas são pessoas que enfrentam dificuldade em expressar suas emoções e tendem a ser socialmente isoladas. Um exemplo disso é o transtorno de personalidade paranoide, no qual as pessoas têm dificuldade em confiar nos outros. Elas estão sempre buscando razões para suspeitar das intenções alheias. É importante não confundir o transtorno de personalidade paranoide com esquizofrenia do tipo paranoide. Enquanto alguém com esquizofrenia pode, de maneira mais abrupta, acreditar que extraterrestres estão tentando sequestrá-lo por conta da vigilância de um governo específico, uma pessoa com transtorno de personalidade paranoide busca elementos concretos da realidade em que vive para fundamentar suas desconfianças. Isso cria dificuldades nos relacionamentos, pois essa pessoa constantemente suspeita das outras. É importante ressaltar que essa atitude não é uma escolha, mas sim uma forma de operar quase irresistível.
Cluster B: Transtornos Irregulares e Inconstantes – Um exemplo significativo dessa categoria é o transtorno de personalidade borderline. Esses transtornos são caracterizados por instabilidade emocional. No caso do borderline, a pessoa que possui esse transtorno enfrenta dificuldades em regular suas reações às sensações. Por exemplo, se você der uma flor para alguém com transtorno de personalidade borderline e essa pessoa gostar, ela considerará esse gesto como um dos maiores atos já feitos por alguém em sua vida. Por outro lado, se você fizer algo que ela não goste, a reação será como se tivesse sido a maior afronta que ela já enfrentou.
Cluster C: Transtornos Ansiosos – Um exemplo desses transtornos é o transtorno de personalidade obsessivo-compulsivo. É importante não confundir com o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), que abordaremos mais adiante. No caso do transtorno de personalidade obsessivo-compulsivo, as pessoas estão constantemente preocupadas com a organização e a correção das coisas. Elas têm um desejo constante de evitar a bagunça e acabam se sobrecarregando com suas atividades. Outro exemplo do cluster C é o transtorno de personalidade esquiva. Pessoas com esse transtorno estão constantemente evitando o contato social, possuem baixa autoestima e encontram dificuldade significativa nos relacionamentos sociais.