Quantos de nós já nos deparamos com casos de pessoas que se cortaram, que de alguma forma fizeram alguma lesão corporal e isso foi uma constante na vida delas? Compreender este fenômeno da autolesão ou automutilação, não é uma tarefa difícil, o maior problema é compreendermos que essa prática não é um problema em si, mas o sintoma de algo, simplesmente impedir que alguém realize tal ato, não resolve o problema.
Existem diversos fatores que podem levar uma pessoa a ter tais práticas, pessoas que possuem transtornos de personalidade, como o tipo borderline, depressão, transtorno de ansiedade generalizado, alterações de consciência por uso de substâncias, transtornos alimentares, esquizofrenia e estresse pós-traumático. Estes são algumas questões que parecem mais óbvias a princípio, mas não é necessário termos uma psicopatologia instalada para que a automutilação ocorra, um momento de profundo estresse, por exemplo.

Da Busca por Alívio à Escala Perigosa

As autolesões também podem ocorrer em pessoas com elevado grau de funcionamento mental, sem qualquer outra perturbação mental subjacente, como uma esquizofrenia. Os motivos para infligir autolesões variam, algumas pessoas usam-nas como mecanismo de enfrentamento para obter alívio temporário de sentimentos intensos como ansiedade, pressão no trabalho, estresse, medos. Em muitos casos, as autolesões estão associadas a antecedentes de trauma psicológico, como abusos psicológicos ou sexuais. Muitas vezes a dor física é algo mais suportável que a dor emocional, justamente por isso, as pessoas optam por realizar ferimentos em si mesmas, é um mecanismo de distração, de enfrentamento e para alguns, uma forma de até mesmo de superação.
O maior problema desta prática, é que ela irá escalonar e geralmente de forma extremamente rápida, pois cada vez será necessário feridas mais profundas e dolorosas para se conseguir amenizar a dor emocional, isso acaba levando a tentativas de suicídio, pois a pessoa acredita que para amenizar a dor emocional somente pondo um fim em sua vida que ela de fato conseguirá a paz que tanto almeja.

Sinais e Comportamentos Associados à Automutilação

Para identificar alguém que comente automutilação, não é algo muito difícil, geralmente são pessoas que dificilmente mostram algumas partes dos seus corpos, como a parte de dentro dos braços, mesmo no calor, estão de mangas longas. Algumas por terem já noção de que as pessoas podem ficar atentas, acabando se lesionando nas partes internas das coxas, essas são mais difíceis de identificar, assim como em outras partes do corpo consideravelmente escondidas, entretanto, podemos perceber comportamentos fora dos padrões de uma pessoa, dependendo do grau da dor emocional, essa pessoa estará perdendo algumas capacidades cognitivas e motoras, estará com dificuldades de realizar tarefas antes consideravas fáceis, tudo são sinais que servem de alerta para ficar atento se essa pessoa pode estar utilizando-se da automutilação como ferramenta de controle emocional. As formas como se manifesta a automutilação não se resume somente a cortes, mas a qualquer forma contínua de se aliviar a dor por feridas ou comportamentos de risco, como consumo exagerado de álcool ou outras substâncias, queimaduras, mordidas ou qualquer outro tipo de marca que não tem a devida explicação.

Compreender que não é “frescura” é necessário para o devido acolhimento

Por fim, abordar as pessoas que nós suspeitemos que possam estar praticando automutilação, não é uma tarefa fácil, primeiro de tudo é termos noção de que isso não é “frescura”, mas um problema sério, também é necessário que se tenha um mínimo de um vínculo de confiança para conseguir abordar adequadamente, sem isso dificilmente a pessoa irá se abrir. Neste tema, é muito comum adolescentes e jovens estarem sofrendo com este problema, devido às mudanças fisiológicas e também por terem poucas condições para encontrarem outras formas de lidar com suas dores emocionais, diferente de muitos adultos que usam do álcool como forma de alívio. Justamente por isso é necessário cautela, respeito e muita informação para poder abordar um jovem a respeito deste assunto, não transformar o sofrimento em mais sofrimento.
Compreender o que leva essas pessoas a tamanho sofrimento ao ponto de terem tais práticas, é o primeiro passo para o acolhimento, essa compreensão da dor do outro é a chave para que se possa auxiliar em encontrar caminhos mais saudáveis para lidar com as dificuldades, para isso, a informação é necessária.

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