Está em voga a discussão a respeito da descriminalização do aborto no Brasil, desta vez a discussão é devida à ADPF nº442, do Supremo Tribunal Federal, que busca descriminalizar a prática até a 12ª semana de gestação (aproximadamente 3 meses de gravidez). Existem diversos argumentos a favor e contra este assunto. Aqui no ÁGORA, do saudemental.club, estaremos trazendo uma reflexão sobre possíveis motivos que levam o aborto a ser considerado uma opção por muitos. Não discutiremos neste momento as razões que já são contempladas pelo ordenamento jurídico brasileiro.
O primeiro motivo a ser argumentado é o social, devido à gravidez indesejada, é alegado que a mulher não tem obrigação de ter este filho e que ela tem o direito de realizar um aborto. Porém, essa argumentação é rasa, pois indesejada é muito relativa e não sabemos os reais motivos da gravidez ser considerada indesejada, podemos, por exemplo, destacar o abandono por parte do pai da criança, que não assume a responsabilidade em dar o devido apoio emocional e financeiro para a mulher seguir com a gravidez de forma segura, possa ser um dos motivos para gerar essa insegurança e a mulher categorizar como “indesejada”. Esta é uma problemática que inicia antes da discussão do aborto, sendo a falta de responsabilidade dos homens em assumirem a responsabilidade por seus atos. O homem é o principal agente nesta questão, pois depende unicamente dele saber controlar seus impulsos e enxergar a mulher como um ser humano, dotado de individualidade, sonhos e desejos, em vez de vê-la como mero objeto de prazer carnal. Este olhar é gerado por diversos motivos, que serão abordados em outro texto. No entanto, a indústria pornográfica possui um papel relevante na propagação e manutenção desta visão na sociedade atual. Torna-se óbvio que descriminalizar o aborto é uma via mais fácil do que abordar as reais razões que levam uma mulher a sentir-se coagida ao aborto, coação essa feita pelo próprio sistema social, que cria as condições favoráveis para que ela enxergue somente no aborto a solução para sua problemática. Uma mulher que apenas enxerga o abandono e não recebe apoio algum, só poderá cogitar um aborto, cabe a sociedade ser efetiva em demonstrar que essa mulher não está só e dar o apoio devido.

Considerar que muitas mulheres recorrem ao aborto, por não verem alternativas 

Bastante comuns também são as preocupações financeiras. A gravidez e a criação de um filho podem ser caras, e algumas mulheres podem não se sentir preparadas ou capazes de fornecer o apoio financeiro necessário para um filho. Entretanto, não parece lógico que realizar um aborto seja a saída mais sensata para uma sociedade que alega defender a vida. Uma sociedade que realmente defende a vida estaria mais preocupada em proporcionar, por políticas públicas, a valorização da economia e dar às famílias condições financeiras para que elas não se sintam pressionadas economicamente. Claramente, a saída mais fácil para a problemática econômica é o assassinato dos inocentes, em vez da distribuição de renda. Aqueles que defendem as motivações econômicas como razão para o aborto fazem claramente o jogo do capital e das grandes corporações que ganharão muito dinheiro com os procedimentos abortivos e lucrarão dobrado, pois continuarão mantendo o status quo de concentração de renda. Na mesma linha, existe o argumento de que as mulheres podem desejar abortar para continuar com seus planos educacionais ou de carreira. Ter um filho pode afetar significativamente a capacidade de buscar educação ou avançar na carreira. Novamente, devemos lembrar que essa escolha entre ser mãe ou trabalhar é consequência de uma sociedade tirânica que coloca o filho como impedimento para o aumento do capital. Seria mais fácil e simples criar estruturas que deem o devido suporte para a mulher seguir a maternidade ao mesmo tempo que trabalha.
Por fim, devemos também considerar que a via do aborto promove de forma velada para muitos uma eugenia das classes menos favorecidas, sob o pretexto de poupar o sofrimento, busca-se ceifar a vida daquele ser humano em desenvolvimento. Novamente, torna-se mais fácil ceifar uma vida do que criar condições adequadas para que ela viva com qualidade. Com o discurso do sofrimento (que é uma experiência subjetiva), alega-se que determinados grupos devem ter maior cuidado para terem uma gravidez; veladamente, isso é eugenia. Isso é de desejo de muitas pessoas em nossa sociedade: que determinados grupos desapareçam. Saiba o caro leitor que, a partir da 9ª semana de gestação, é possível descobrir se a pessoa que está sendo gestada, cientificamente chamada de feto (que é uma etapa do desenvolvimento humano), possui ou não síndrome de Down. Cabe ao leitor refletir sobre quais as possíveis consequências da descriminalização, considerando a cultura de descarte que vivemos.

Numa sociedade que vê os filhos como obstáculos à felicidade, os mais vulneráveis, os não nascidos, sofrem as consequências mais cruéis.

Na sociedade em que vivemos, um filho é visto como impedimento para trabalhar, divertir-se, estudar. O filho é visto como um impedimento para a ‘felicidade’ plena do ser humano moderno. A quem esse discurso é benéfico? Com certeza não para esses seres humanos no ventre. Estes, a minoria mais indefesa de todas, estão sendo constantemente atacados. O nascituro não trabalha, não vota, não gera leads e não consome os produtos criados pelas grandes corporações. Enfim, o nascituro é completamente descartável. Sua única serventia no sistema de acumulação de riquezas é ser usado como material para a indústria do aborto. A única forma simples, rápida e fácil de se ganhar dinheiro com o nascituro é matá-lo. Cedo ou tarde, caro leitor, você também estará em algum grupo descartável por este sistema, isto se você já não faz parte de algum.

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